Palácio da Alvorada - Projeto de Oscar Niemeyer
Para encerrar o conjunto das três matérias sobre o Modernismo, quero deixar aqui registrado que o movimento teve representantes em diversos locais do planeta. Penso que uns influenciando aos outros. Quando a pesquisa tem um campo de interesse comum, acaba por facilitar a troca de informações e produz movimentos artísticos e culturais pelo mundo.
E depois acredito na teoria psicanalítica Junguiana sobre o inconsciente coletivo, creio que a energia do pensamento e do conhecimento, flui e percorre mundos e ativa as mentes ligadas numa mesma frequência...pronto....viajei! (risos)
Voltemos a história...
O crítico Henry Russel Hitchcock, criou um conceito denominado ‘International Style’, que traduzia uma posição de convergência de características arquitetônicas adotadas nos CIAM (Congresso Internacional de Arquitetura Moderna), assim nasceu a noção de que os preceitos da arquitetura moderna seguiam uma linha única e coesa, difundindo-se mais rapidamente pelos quatro cantos da terra.
Brasil e Estados Unidos foram países onde alguns arquitetos adotaram os preceitos do Estilo Internacional que traduzia as vertentes essencialmente europeias (principalmente as arquiteturas de Gropius e Mies, na Alemanha e Le Corbusier, na França), ainda que arquitetos de toda parte tenham participado dos CIAM.
Outra corrente, de origem norte-americana, é relacionada à Frank Lloyd Wright e referida como arquitetura orgânica, da qual o canadense naturalizado americano, Frank O. Gehry foi autêntico representante.
Enquanto a Bauhaus tentava sobreviver ao Nazismo na Alemanha, nos Estados Unidos, Frank Lloyd Wright aprendia sobre arquitetura com Louis Sullivan , conhecido por suas construções de estilo e influências orgânicas.
Na França, Le Corbusier reinava absoluto e dizem nos bastidores, que ele andou servindo aos fascistas, mas o que nos interessa aqui são suas produções arquitetônicas, vamos começar por este francês de origem suíça.
Seu nome verdadeiro era Charles Édouard Jeanneret. Estabeleceu os princípios básicos da técnica de construção racionalista e funcional.
Descobriu novas formas de armação para tornar as paredes mais leves, sustentadas em poucos apoios, encontrando soluções que permitiam erguer um edifício sobre o terreno criando paredes-cortina, numa ilusão de que ele estaria suspenso do chão, uma tentativa de proporcionar leveza ao desenho.
Introduziu elementos pré-fabricados e tendo o cubo como inspiração, criou tetos planos e grandes janelas que dominavam a cena em seus projetos.
Desenvolveu um sistema de proporção , o chamado sistema modular, que tomou como referência a estatura de um indivíduo médio com os braços levantados (2,26 metros).
Algumas de suas obras mais significativas:
Casa dos estudantes suíços, em Paris (1930-1932);
Ministério da Educação do Rio de Janeiro (1936-1945);
Centro cultural e administrativo de Chandigarh, na Índia (iniciado em 1950);
Igreja da Ascensão de Nôtre-Dame-du-Haut, em Ronchamp (1950-1954);
Mosteiro de La Tourette, em Eveux (1957).
A casa Curutchet, que preservou a árvore no terreno, construindo a casa a sua volta.
Mas minha preferência em se tratando de 'le Corbu', como é intimamente conhecido entre estudantes, é pelo pavilhão da
Philips, na Feira Mundial de Bruxelas no ano de 1958. O objetivo era divulgar a tecnologia Philips dos produtos relacionados à luz e ao som. Le Corbusier propõe: "Não farei uma fachada para Philips, farei um poema eletrônico".
Foram elaborados além de um poema eletrônico, sonorização ambiente e um jogo de luzes com cores, com projeção de imagens nas paredes curvas. As imagens mostravam eventos importantes ocorridos na história da humanidade: sucessos, fracassos, natureza, o homem e seu entorno, a ciência e a tecnologia.
O Poema Eletrônico, a música e as imagens, foram criados para o pavilhão, e o pavilhão concebido para o Poema, para a música e as imagens.
Colaboradores do projeto: Jean Petit, o engenheiro Iannis Xenakis, o compositor Edgar Varèse e o cineasta Philippe Agostini.
Abaixo, a chaise long desenhada por ele e um jogo de estofados icônicos.
Entre muitas de suas frases que entraram para a história, reproduzo minha favorita:
" A arquitetura é o jogo sábio, correto e magnífico dos volumes dispostos sob a luz."
-Direto da França para os Estados Unidos-
Alguns consideram Frank Lloyd Wright o maior arquiteto de todos os tempos, embora ele não tenha alcançado a formação acadêmica. Mesmo assim, foi autor de ideias e projetos à frente do seu tempo em suas formas e métodos de construção.
Wright defendia uma arquitetura orgânica que se manifestasse "de dentro para fora", com espaços internos fluidos e uma interação com a natureza circundante. Recebeu a maioria das encomendas nos anos 40 e 50. Algumas de suas obras mais significativas são o Museu Guggenheim de Nova York (desenhado em 1943 e construído entre 1956 e 1959), com a sua célebre forma espiral. (imagem abaixo)
Price Tower, em Bartlesville (1955-1956).
Mas a mais surpreendente, sem dúvida é a casa a seguir, conhecida como: 'Fallingwater' (água caindo), casa da cascata, já imaginou morar em uma casa onde a cachoeira passa na varanda de sua sala de Estar?
Esta é a maquete para você entender que não se trata de uma pintura ou imaginação.
As perspectivas, que antes era desenhadas à mão e na minha opinião, muito mais artísticas e bonitas.
Os cortes e vistas do projeto original.
E finalmente as imagens, que parecem pinturas.
A Massaro House, ou Casa Massaro, segue o mesmo conceito de fazer uma interferência arquitetônica sem muito impacto ambiental, respeitando e preservando o que a natureza construiu, proporcionando uma integração.
Agora vamos avançar uns anos, para encontrar outro representante da arquitetura modernista orgânica, outro Frank...desta vez, O. Gehry, mais genioso e nem por isso, menos genial.
Considerado pela Vanity Fair como “o mais importante arquiteto de nossa era”.
O. Gehry definiu a arquitetura contemporânea.
Dotado de uma impressionante capacidade de criar espaços marcantes, como uma ilusão de ótica ou um sonho febril e delirante, desses que entortam paredes e distorcem janelas. Como se ele manipulasse as formas e superfícies num passe de mágica ou bruxaria...rs.
O arquiteto canadense, naturalizado americano, impressiona pela sua criatividade e capacidade de inovar e surpreender artisticamente.
Sua veia desconstrutivista chama a atenção e cria polêmicas, mas ele não passa despercebido, alguns o adoram, outros o odeiam, mas ninguém o ignora!
Em uma entrevista respondeu a uma pergunta crítica de um jornalista levantando o dedo do meio, é um gênio genioso!
Idealizou obras que utilizam materiais pouco usuais como o titânio e foi um dos principais ícones do movimento que ficou conhecido como 'Descontrutivismo', no qual se desprende da rigidez das formas.
Philip Johson
Conhecido como o arquiteto americano que fundou o Departamento de Arquitetura e Design, a maioria de suas obras são encontradas no Museu de Arte Moderna de Nova York. Sua casa de vidro, em Connecticut, é uma das suas obras mais conhecidas.
Seu uso surpreendente de vidro, aço e mais tarde cristalina, fez com que o arquiteto ganhasse renome mundial.
Quando Gropius veio para a América, foi professor de Philip em Havard, mas dizem que seu sonho era ser aluno de Mies, tanto que quando sua casa de vidro surgiu, alguns amigos mais íntimos o provocavam chamando o de Rhoeson, uma junção de seu nome com o de Mies van der Rohe e uma referência a semelhança de sua casa de vidro com a casa que Mies projetou em Illinóis em 1951, conhecida como Casa Farnsworth.
Casa Farnsworth, em Illinois, projeto de Mies van der Rohe.
Não há como negar a semelhança, principalmente no que se refere ao interior, que tem móveis assinados por Mies em todas as duas versões, mas é natural ser fã e considerar como mestre, um colega de profissão. De certa forma, não deixa de ser uma homenagem, mesmo porque ele seguiu seu caminho e foi brilhantemente singular em outras obras.
Aqui temos Philip, ainda jovem.
Nesta imagem, mais maduro, ao fundo.
E aqui, já em idade mais avançada. A 'Glass House' era seu refúgio, seu santuário, seu porto seguro.
A Catedral de Cristal, na Califórnia, parece ter saído de um conto de fadas.
Johnson é o mais importante representante do pensamento avançado em arquitetura que caracteriza o 'Minimalismo' e o 'Pop-Art'.
No Brasil percebemos traços modernistas no trabalho de grandes nomes da arquitetura.
Tenho imenso orgulho de ser sobrinha de um grande arquiteto e urbanista, Aristides Salgado dos Santos.
Vivi desde os 10 anos de idade em uma casa de estilo modernista, projetada por ele. Na minha cidade, as suas obras tem implícitas em suas formas, cores e texturas, como que impressa, a sua assinatura. Ele é dono de um estilo marcante, quem tem a oportunidade de entrar em um espaço concebido por ele, não confunde seu traço. A Praça Benedito Valadares, mereceu o prêmio IAB de 1967, além de menção honrosa na Bienal Internacional do México. Suas imagens estão abaixo.
Onde mais encontramos a influência deste movimento?
Nas linhas funcionais e limpas do desenho, nos produtos da Apple.
Em cidades planejadas, como Brasília..
Em prédios, como o do Museu de Arte Contemporânea de SP,
da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP,
do Instituto Inhotim, em Minas Gerais.
Na identidade visual de bandas como, Franz Ferdinand.
Nas obras de Oscar Niemeyer, que sempre privilegiou as formas geométricas e as cores primárias.
A quem dedicaremos uma matéria à parte.
Até lá!
Nenhum comentário:
Postar um comentário