terça-feira, 31 de março de 2015

Entrevista: IARA LEÃO

O blog DZnho iniciou suas publicações no dia 7 de março, numa homenagem ao dia posterior, dedicado internacionalmente às mulheres. Uma forma de reconhecer o valor de todas essas mocinhas que deixaram uma vida tranquila para se aventurar nos inúmeros locais de trabalho, nas mais diferentes áreas de atuação. Não poderíamos escolher como nossa primeira entrevistada, outra que não fosse ela, estou me referindo a primeira designer de interiores a atuar em Divinópolis, Iara Leão.
Falar sobre Iara é para mim tarefa fácil, além de uma colega de trabalho, de viagens e aventuras no campo do design, Iara é antes de tudo, uma grande e excelente amiga. E muito divertida! Segundo as palavras de sua mãe, Iara já nasceu preparada para a guerra, isso traduzido da linguagem maternal de D. Isabel quer dizer que ela encara tudo de frente, com muita garra e determinação. Não é fácil convencer esta pessoa de algo quando ela acredita no contrário, você vai ter que usar seus melhores e mais fortes argumentos e eles terão que ser sólidos.
Ainda bem que é assim, do contrário ela teria desistido quando chegou aqui em Divinópolis há 40 anos atrás, onde nenhuma mulher tinha ousado adentrar um canteiro de obras, ainda mais trazendo idéias novas na cabeça. Para os mais novos isto vai soar muito estranho, mas já foi muito perigoso ter idéias, ainda mais quando elas subvertiam as ordens das coisas.
Na foto, sua família, fonte de toda a força que existe por trás desta aparente delicadeza feminina. Seus pais, Isabel e nosso saudoso, Dr. Leão. Sua irmã, Inês Fátima e seus filhos na ordem cronológica, da direita para a esquerda: Jonathan, Larissa e Igor.
Divinópolis contava com duas lojas de material para construções e alguns depósitos que vendiam de prego e cimento até azulejos. Sim, se chamavam assim mesmo e era tudo que havia por aqui. Havia dois ou três construtores que acreditavam que decoração era ‘embondo de mulher’, vou traduzir para vocês: ‘coisa de quem não tem o que fazer e fica inventando moda’. Foi neste cenário desanimador que ela conheceu o que seria seu novo mercado de trabalho, mas como eu disse, ela não desiste fácil. Com um círculo social muito bom, cativou boas amizades e lá foi ela desbravando caminhos. Em uma dessas reuniões de amigos, combinou de ajudar um deles na escolha dos detalhes para sua nova casa e não parou mais.
Formada em Belas Artes pela UFMG, atualizou sua formação e até hoje não pode ouvir contar de um curso ou uma palestra, não perde um encontro referente à sua profissão. Já viajou pelo mundo e só na feira de Milão foi uma dúzia de vezes ou mais. Montou com outros sócios uma loja de móveis, mas não ficou por muito tempo no comércio, não é seu perfil.
Iara é dinâmica, mutante, multifacetada. Difícil seria vê-la parada, sem traçar novos vôos e experimentar novas artes. Desenha, pinta, e borda... Só não entregue um microfone pra ela, pelo amor de Deus! (risos) Perdoe amiga, mas como cantora, você é uma excelente decoradora.
Dez anos depois, cheguei a Divinópolis e fui muito bem recebida pela colega que muito rápido se tornou uma grande amiga. Vieram outras e fundamos juntas a ‘ADD’ Associação dos Decoradores de Divinópolis, que numa parceria com a AMIDE lutou pela legalização da profissão que hoje tem o título de: Design de Interior. Este grupo, sempre com a presença atuante de Iara conseguiu mudar para muito melhor o mercado na cidade e região. As lojas se ampliaram, surgiram outras e cada vez mais pessoas passaram a utilizar os serviços de um profissional do design.
Participamos de vários eventos juntas, fizemos viagens, cursos, e inventamos muita moda. Estamos ‘embondando’ até hoje e devo dizer que se devemos a alguém um caminho mais leve, já trilhado e desbravado, é a esta incrível e destemida pessoa: Iara Leão!
Agora lá vem ela, toda chique, homenageada com um livro que vai contar a história destes 40 anos de trabalho e que irá mostrar um pouco do trabalho belíssimo que ela vem realizando ao longo deste tempo.
Mas como eu havia dito, ela não para nunca e ontem esteve com outra mulher pioneira e também admirável, Olga Krell, que foi editora da revista ‘Casa e Jardim’ e editora chefe da revista Espaço D.
A ‘dama da decoração’, como ficou conhecida entre os profissionais da área, lançou seu livro ontem em Belo Horizonte.
Confiram alguns de seus trabalhos e conheçam um pouco mais sobre Iara Leão:
Mostra Decoralíder Divinópolis 2014
Como você definiria seu estilo?
I.L.: Eu tenho um estilo próprio, não sigo padrões pré estabelecidos, o que define meu estilo de trabalho é a necessidade e o desejo do meu cliente, ele irá ditar os caminhos que juntos iremos percorrer. mas seria algo com um toque de romantismo, voltado para o aconchego.
Como acontece seu processo de criação, em que você se inspira?
I.L.:Como eu disse, o cliente é a base para minha inspiração, seus sonhos e o que ele espera que se torne o projeto é o meu norte, mas são as viagens que alimentam essas energias e minhas pesquisas.
Mostra Deck Home Divinópolis
Existe uma obra que você considera um marco na sua carreira?
I.L.:Uma residência que fiz para a família de Ricardo Nunes, porque tive total liberdade para criar.
Res. Ricardo Nunes
Um sonho que gostaria de realizar...
I.L.:"Ter tempo para fazer tudo que eu gosto" (e veio aquela risada gostosa de quem sabe que todo tempo do mundo ainda seria pouco para tantos sonhos).
Fazenda Baluarte
Um lugar que gostaria de conhecer...
I.L.:A Índia e a Indonésia, porque são lugares onde as pessoas amam as cores assim como eu, gosto de muita cor vibrante, alegre, gostaria de visitar lugares assim.
Um projeto que gostaria de executar...
I.L.: Um hotel que fosse como uma fazenda ou pousada, que tivesse um elo entre terra e água, que alguma parte da construção saísse da terra em direção à água e que houvesse uma grande mata em seu entorno, adoraria projetar algo assim.
Em breve, teremos o lançamento do livro de nossa dama também, aguardem!

segunda-feira, 30 de março de 2015

Uso do led no paisagismo - Parte II

Como eu havia prometido, vou continuar o assunto sobre o curso com Peter Gasper, o Light Designer responsável pela iluminação do 'Rock in Rio' entre tantos outros eventos e importantes obras. E foi falando sobre uma destas edições do Rock que ele revelou como tirou partido de um pequeno erro de cálculo.
O princípio da mistura de cor na luz é o mesmo que usamos com as tintas, por isso é preciso cuidado no cruzamento de focos. Quando estudamos sobre o disco de Newton, no antigo curso primário, vimos que a mistura das cores resultam no branco.
Isso acontece quando cruzamos dois focos de luzes em cores complementares ou opostas.
E foi o que aconteceu na iluminação de uma grande marca de sanduíches que estava patrocinando o evento. Havia uma enorme tenda montada para atender ao público, no dia dos testes quando ligaram os refletores, os canhões de azul e laranja se encontraram e criaram um grande círculo branco, que estragaria todo o planejamento da iluminação se ele por sorte não tivesse caído bem em cima da marca, criando um efeito inesperado, que acabou agradando e passando a fazer parte do projeto luminotécnico.
Vejam no cruzamento das luzes vermelhas e verdes, que são complementares, como surgem pontos brancos, exatamente onde elas se encontram.
E foi com esta informação que eu criei o mesmo efeito para um projeto que fiz para a Divina Folia.
Outro efeito que usei também neste mesmo evento, para iluminar os camarotes, foi a mistura de duas cores primárias, fazendo surgir uma cor secundária.
Com isso economizamos uma quantia considerável, porque todos os dias as cores eram trocadas e pagava-se por pontos de canhões.
Eu conseguia três cores com apenas dois canhões e nos dias consecutivos fui trocando de maneira que alterando apenas um canhão, ainda teríamos as três cores diferentes. Assim, os camarotes foram iluminados de maneiras diferentes todos os dias do evento.
Acabei tomando gosto por trabalhar com cenários para shows e teatro e entre alguns espetáculos, fiz a iluminação do show de Túlio Mourão e Nonato Luís, trabalhei em algumas peças do nosso premiado teatrólogo, Antônio Domingos Franco e ganhei o Troféu Theatron em 1990, de Melhor Cenário para a peça de Lindolfo Fagundes, 'O Sequestro'.
Ricardo Sobreira - Light Designer da Interpan
Iluminação é um assunto que encanta, considero uma parte importantíssima de um projeto. Outro Light Designer com quem tive o prazer de conviver por um bom tempo, quando tive uma loja da Iluminar foi, Ricardo Sobreira que não se cansava de dizer: "A luz é a primeira expressão da Arquitetura."
Outra coisa importante sobre a cor na luz. Na hora de iluminar com cores, se você jogar uma luz complementar da cor do objeto iluminado, você o apaga. Ao contrário de valorizar sua aparência, é como se você retirasse a sua cor. Vou dar um exemplo: É muito comum o uso da luz verde em jardins, mas se você usar esta cor para iluminar folhagens ou flores avermelhadas, elas irão parecer marrons, ficam feias e escuras e perdem seu valor de contraste.
Então atenção na escolha da cor na luz, não se trata apenas de escolher uma cor de preferência, é preciso avaliar todos estes detalhes e como não dá pra comprar os leds, fazer a instalação e depois devolver se não gostar, é melhor planejar com cuidado para não correr o risco de ter uma surpresa às avessas.
Segundo a palestrante, Elba Cardoso, que veio falar pela INTERLIGHT, sobre o uso de leds no paisagismo, uma das grandes vantagens do led é não emitir radiação infra-vermelha e isto é ótimo, porque não prejudica a vitalidade das plantas.
Na foto, Elba Cardoso 'INTERLIGHT', ao lado de Cleina Reis, que patrocinou a palestra em um evento de comemoração dos 25 anos da Lampadário.
A vantagem de usar a tecnologia nacional de uma fábrica como a Interlight é que podemos encomendar a cor que quisermos para todo o leque de produtos da empresa, uma vez que são fabricados aqui mesmo. E uma eventual manutenção ou substituição de peças, principalmente no material blindado, usado em áreas molhadas fica mais acessível.
Sempre bom lembrar que o led não emite calor excessivo em sua luz, mas a base do produto tem elevado aquecimento e necessita de dissipadores eficientes para proporcionar vida longa aos produtos e não reduzir o fluxo de luminosidade.
Há que se ter o cuidado de, não usar LED em embutidos de piso se eles não forem projetados para este uso específico.
Vamos mostrar alguns modelos de leds e seus efeitos na iluminação de praças e jardins:
No primeiro plano, aparecem os balizadores e mais ao fundo dois fincos que iluminam a base e a copa da palmeira.
No deck de madeira os balizadores chamados,'batonzinhos', numa referência ao seu tamanho minúsculo. Ao fundo os leds de cor verde, valorizando as folhagens.
Nesta imagem, o uso da fita de led para desenhar os platôs com a luz. Lembrando que todo o material elétrico para ficar no tempo deverá ser emendado com fitas de alta fusão. E os embutidos de piso, devem ser blindados e receber o cilindro de proteção.
Na foto, além dos balizadores no deck, podemos ver o efeito dos leds de longo alcance que atingem a copa das palmeiras sem perder luminosidade.
Os arranjos recebem iluminação do tronco a copa.
Nesta imagem, um efeito que me agradou muitíssimo. Há uma varredura na via usada por veículos e também uma valorização na iluminação das copas das árvores, Um resultado que considero bem planejado.
Nesta foto também temos uma iluminação dirigida às copas e com longo alcance.
Aqui uma piscina com uma nuance de lilás, veja a condução da cor no jato de água.
Detalhe de nossas Igrejas Mineiras valorizados pela iluminação dos leds.
E a iluminação de um prédio público, que eu gostei muito. A cor foi usada com critério e o resultado ficou agradável. A cor tem tudo para ser uma boa aliada, mas é preciso um estudo cauteloso para alcançar o planejado sem perder o bom gosto.
Encerro lembrando que a INTERLIGHT dá 5 ANOS DE GARANTIA em seus produtos, mas é preciso que a instalação seja adequada e que alguns cuidados sejam providenciados: Vejam sempre o IP da peça, ou seja, seu índice de proteção.
Nas áreas externas, instale primeiro o cilindro de proteção.
Abaixo do cilindro, forre o piso com uma camada de brita zero e faça sempre o fechamento dos produtos, parafusando em cruz.
Espero que a matéria tenha sido proveitosa. Até nosso próximo encontro!

sábado, 28 de março de 2015

Uso do led no paisagismo.

Hoje vamos brincar de colorir jardins!
Antes de prosseguir vou contar da oportunidade que tive em aprender sobre luz e iluminação.
Fui proprietária de uma franquia da marca ILUMINAR, na época com fabricação própria numa parceria INTERPAN, dos irmãos Cícero e Ronaldo Mafra. A 'ILUMINAR' representava várias outras marcas no Brasil, entre elas a iGuzzini, assim mesmo com um 'G' maiúsculo entre minúsculas.
Na época era comum os light designers virem ao Brasil ministrar cursos para os franquiados, porque a exigência com a correta aplicação de seus produtos, é uma marca da empresa e vocês entenderão o porquê diante destas imagens:
As sedes da empresa na Itália e Espanha, respectivamente
E claro, eles também gostam de brincam com cor!
Vejam alguns resultados
Aqui reproduzindo o efeito arco-íris.
Nesta praça foram usadas cores para colorir a neve, com a intenção de quebrar a monotonia do branco da estação.
Algumas obras executadas pela iGuzzini e seus light designers, para vocês conhecerem um pouco mais desta empresa que é referência em iluminação no mundo:
A intenção do desenhista da luz tem que ser clara, você precisa estar completamente certo do efeito que quer alcançar, se numa varredura de luz em toda a fachada, concentrada no volume arquitetônico para ressaltar sua grandiosidade, como nesta imagem...
...ou em detalhes específicos para salientar elementos e valorizar detalhes, como nestas imagens a seguir:
Aqui com a intenção clara de valorizar os arcos de acessos e também uma marcação nas mesmas linhas de janelas.
Vejam os leds azuis colocados estrategicamente na parte inferior das floreiras, para dar uma impressão que elas estão suspensas.
Nesta imagem as colunas foram valorizadas pelos leds de longo alcance.
O monumento foi iluminado de uma forma geral para limitar seu volume arquitetônico, no branco neutro e ganhou uma luz mais quente para ressaltar a forma dos arcos.
O cuidado para se obter o resultado preciso como nesta imagem, que desenha em dois tons naturais toda a fachada, é na minha opinião, uma obra de arte à parte. Você pode valorizar uma obra arquitetônica ainda mais, mas pode colocar em risco todo um jogo de volumes e linhas, se errar a mão.
O mesmo cuidado vale para as áreas de paisagismo, aqui o caminho foi marcado e a copa das árvores receberam o destaque, sem marcar os troncos.
Nesta outra imagem, o mesmo efeito com uma marcação mais forte.
De volta ao Brasil, porque aqui também temos grandes nomes na área da luminotecnia e empresas de iluminação com produtos de qualidade.
Na imagem, os troncos foram valorizados com o led de cor azul, numa brincadeira que propõe a continuidade das águas pelo jardim.
E por falar em grandes nomes, vou abrir um parênteses para falar de um curso que fiz com o mestre da luz que faleceu ano passado, Peter Gasper.
Gasper nasceu na Alemanha e chegou ao Brasil com 11 anos de idade e foi entre outras coisas o iluminador do 'Rock in Rio'.
Colocou cores no Cristo Redentor e deu-lhe um coração em vermelho pulsante!
Iluminou Itaipu, lindamente.
Trabalhou com grandes cias de espetáculos.
Entre tantas obras, fez a iluminação da Ponte Benjamin Constant.
A torre da TV Bandeirantes em São Paulo.
Iluminou os Monumentos de Brasília.
Coloriu de rosa o Palácio do Planalto
e o Congresso Nacional Brasileiro, numa alusão a Campanha 'Outubro Rosa', de prevenção contra o Câncer de Mama.
E teríamos ainda tantas outras obras lindas para mostrar, mas preciso seguir adiante com o assunto.
Retomando, ele iniciou o curso fazendo um cálculo para nos provar que não temos memória para a cor. Prestem bem atenção, este deve ser do post de hoje, a informação mais importante, creio eu.
Ele calculou a idade média entre os ouvintes de sua palestra, multiplicou pelos dias de vida que teríamos e em quantas vezes nos nossos dias de vida por acaso haveríamos de ter visto a marca da coca-cola. Acreditem, é um número bem elevado, você mesmo pode fazer este teste. Faça as contas aí...eu espero.
Pois bem, então ele desceu três bandeiras de tecido enormes no fundo do auditório na cor vermelha e perguntou: Qual desses vermelhos, é o usado na marca da coca-cola?
Vocês querem tentar? Dê seu palpite...
O número 1?
O número 2?
Ou o número 3?
FAÇAM SUAS APOSTAS!!!
Não rolem a tela por enquanto, faça uma escolha, vai...
Não fiquem tristes, mas todos vocês erraram! Assim como eu e todos os outros presentes no curso.
O vermelho da Coca-cola não é nenhum destes aí acima, é este aqui!
Portanto, gravem bem esta informação, nós não temos memória para cor!
E se você não quiser errar na cor da almofada para aquele sofá, leve uma amostra do tecido. Me alonguei demais e deixo o restante do assunto para nosso próximo encontro. Iluminação é assunto para esticar mesmo...
Amanhã conto como este mestre das luzes, tirou partido de um erro e de como eu aproveitei sua informação, até!