sábado, 5 de dezembro de 2015

DESIGN, um desafio ao comum.


Gosto de escrever sobre muitas coisas, algumas mais que outras.
Luz e cor são assuntos que me encantam, mas o design é minha paixão.
Nada me deu mais prazer do que ‘o chão de fábrica’. Desenhar e ver surgir uma peça com seus desafios construtivos e seus encantos em cada curva, em cada ângulo.
No mês que passou, comemoramos o Design.
Dedico esta matéria no blog, como forma de homenagear os precursores deste trabalho no Brasil e também para saudar a nova geração que tem pela frente um grande desafio:
uma produção voltada para um consumo responsável.
O cenário econômico aponta uma recessão e a natureza dá sinais que o planeta chegou a um limite, por isso de agora em diante e mais do que nunca, a criatividade é nossa única saída para reestruturar o mercado em bases mais saudáveis e sustentáveis.
O consumo em si não é negativo, desde que haja uma moderação frente às necessidades atuais de tratar com cuidado o mundo e os povos que o habitam. A escassez de água e os grandes acidentes como o rompimento da barragem em Mariana-Minas Gerais, coloca um ponto de interrogação em nossas vidas:
estamos mesmo construindo um mundo melhor?
Design não é só forma e estética, é sobretudo função. Se transcende a condição de matéria, ganha o status de ‘arte’.
Mas quando a qualidade e o desenho superam o tempo, aí sim, ele se torna uma peça clássica, destas que a gente continua achando ‘bárbara’ mesmo depois de meio século de sua criação.
Neste caso, o tempo só faz confirmar seu charme, funcionalidade e elegância.
Vou focar a matéria no design de mobiliário e peças para uso doméstico e vou dividir a matéria em três partes, porque ainda bem, são muitos os que merecem destaque.
Vamos à eles:
OS DEZ PRIMEIROS DE TRINTA.
Não há uma ordem de importância, eu não seria tão pretensiosa em julgar mestres do desenho, nem acredito que alguém faria. São todos merecedores de admiração e respeito a seu trabalho e sua contribuição para que, todos os objetos que nos cercam chegassem a este ponto de extrema tradução do bom gosto, elegância e conforto.
Mas sim, eu tenho os meus preferidos...risos...apesar de gostar um pouco de cada um e de algumas peças de vários nomes. Mas acredito que ninguém vai brigar comigo se eu declarar meu amor e admiração especial a Joaquim Tenreiro e confessar minha identificação com as linhas de Jader Almeida.
E com vocês, eles....os melhores!
Vou começar com a aniversariante do dia.
Se estivesse viva, 'LINA BO BARDI' completaria hoje-05 de Dezembro de 2015- 101 anos de idade,(1914-1992).
A arquiteta italiana, naturalizada brasileira, formou-se na Universidade de Roma, em 1939. Em 1946, casou-se com Pietro Maria Bardie mudou-se para o Brasil fugindo da II Grande Guerra, depois que seu escritório chegou a ser bombardeado. Expressou sua arquitetura moderna na Casa de Vidro (1951), no MASP - Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (1957) e no Sesc Pompeia (1973).
Desenhou mobiliário para seus projetos e, a fim de produzi-los em série, fundou o Studio d'Arte Palma (1948–1950). Nos anos 1980, criou peças com os arquitetos Marcelo Ferraz e Marcelo Suzuki. Trabalhou até o final da vida.
DESTAQUE PARA:
Poltrona Bowl (1951).
Cadeira Frei Egídio (1987).
Cadeira e mesa Girafa (1987).
Em 2014 perdemos um grande nome no design, 'SÉRGIO RODRIGUES', que deixa um legado em peças torneadas em jacarandá.
Arquiteto carioca, formou-se pela Faculdade Nacional de Arquitetura, em 1952.
Em 1955, fundou a indústria e loja ‘oca’, que era também uma mistura de ateliê e galeria de arte, o espaço tinha as luminárias Dominici, tecidos da artista plástica Fayga Ostrower, móveis da Forma e peças assinadas por ele. Era um ponto de encontro dos intelectuais. Seus móveis almejavam a tradução da genuína identidade brasileira, como um resgate a simplicidade indígena.
DESTAQUE PARA:
Poltrona Mole (1957).“Toda de madeira e tão confortável como uma poltrona mole”, explica Sergio, que recebeu por ela, em 2007, o prêmio do Museu da Casa Brasileira.
Cadeira Cantu (1958).
Poltrona Diz (2003).
Minha preferida é sua homenagem a Niemeyer, a cadeira 'Oscar'.
'JOSÉ ZANINE CALDAS', nascido na Bahia, arquiteto e designer autodidata, começou fazendo maquetes de projetos assinados por nomes como Lúcio Costa (1902-1998) e o Oscar Niemeyer (1907-2012).
Em 1948, fundou a Móveis Artísticos Z, em São José dos Campos (SP). Nos anos 1970, em nova Viçosa (BA), criou móveis a partir de troncos descartados pela natureza.
DESTAQUE PARA:
Chaise Zanine 'Z' (1948)
poltrona 'N' (1954)
Banco 'X' (anos 1940).
'PEDRO USECHE', arquiteto venezuelano, graduou-se pela Universidad Central de Venezuela, em 1981.
Mudou-se para São Paulo em 1984 e começou a projetar móveis desde 1988. Ao longo da carreira, misturou materiais como madeira e metal, criando móveis escultóricos. De 1991 a 2008, manteve uma fábrica para produção própria, passando a desenhar para diferentes indústrias.
DESTAQUE PARA:
Cadeiras Mulher (1988) - Menção honrosa no MCB em 1990
Revisteiro Eixo 7(1997) - 1º prêmio Joaquim Tenreiro com o revisteiro Eixo 7 no MCB no ano de 1998
Banco e cadeira Arepita (2012).
E eu gosto destes: Poltrona Tensor
Mesa Disco.
'PAULO MENDES DA ROCHA', Arquiteto modernista reconhecido no exterior, capixaba, formou-se, em 1954, pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo.
Projetou, em 1957, o ginásio do Clube Atlético Paulistano, para o qual desenhou a icônica cadeira Paulistano.
DESTAQUE PARA:
Cadeira Paulistano(1957)
Chaise-longue PMR (1985), editadas pela francesa Objekto.
'OSCAR NIEMEYER' e 'ANA MARIA' (1907-2012), carioca , formou-se pela Escola nacional de Belas Artes em 1934.
Nos anos 1970, criou móveis com a filha, Anna Maria Niemeyer (1930-2012), usando técnicas de laminação, colagem e prensagem. Recebeu o Prêmio Pritzker, mais alta honraria da arquitetura mundial, em 1988. A Etel Interiores passou a reeditar parte daquele mobiliário neste ano.
DESTAQUE PARA:
Poltrona Alta com banqueta (1971)
Marquesa (1974)
Chaise Rio (1977/1978), esta peça é minha preferida entre os móveis da dupla Niemeyer.
'JOAQUIM TENREIRO' (1906-1992), nascido em Portugal, era filho e neto de marceneiros.
Chegou ao Rio de Janeiro, nos anos 1920, e começou a produzir artesanalmente . Em 1942, fez sua primeira peça moderna, a poltrona Leve, para uma casa de Oscar Niemeyer (1907-2012). A partir daí, desenvolveu um novo conceito para sua peças com um estilo mais tropical, usando jacarandá e palhinha. Em 1968, abandonou o design e voltou-se às artes plásticas. DESTAQUE PARA:
Poltrona Leve (1942)
Cadeira de Três Pés (1947)
Sofá de linhas retas (1958).
'ARISTEU PIRES', formou-se em ciência da computação pela Universidade de Brasília (UnB) em 1979.
Durante 25 anos, trabalhou com computação. Em 2001, desenhou alguns móveis para si mesmo, o que o levou a mudar de profissão. Transferiu-se do Rio de Janeiro para a pacata Gramado (RS) e montou, na vizinha cidade de Canela, uma marcenaria. Produz móveis com madeiras sustentáveis. DESTAQUE PARA:
Poltrona Gisele (2002)
Cadeira Daniella
Cadeira Duda (ambas de 2004).
'BRANCO & PRETO' (anos 1950 e 1960)formado pelos arquitetos Miguel Forte (1915-2002), Jacob Ruchti (1917-1994), Plínio Croce(1921-1984), Roberto Aflalo (1926-1992), Carlos Millan (1927-1964) e Chen Y hwa fundaram a loja paulistana em 1952.
Introduziram uma nova linguagem no mobiliário adaptado a arquitetura moderna. O negócio durou cerca de dez anos. Hoje, alguns daqueles móveis são reeditados pela Etel Interiores.
DESTAQUE PARA:
Poltrona MF5 (Millan e Forte)
Poltrona R3 (Ruchti)
Sofá M3 (Millan), todos dos anos 1950.
'CARLOS MOTTA',arquiteto paulista, formou-se pela Universidade Braz Cubas (Mogi das Cruzes, SP) em 1975.
Em 1978, fundou o Atelier Carlos Motta, em São Paulo, no qual projeta arquitetura, além de objetos e mobiliário de madeira. Os protótipos destinam-se a pequenas séries artesanais ou grandes volumes fabricados por indústrias.
DESTAQUE PARA:
Cadeira Estrela (1979)
cadeira São Paulo (1982)
Poltrona Radar (2008).
ESTA MATÉRIA CONTINUA...

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