domingo, 13 de dezembro de 2015

DESIGN, um desafio ao comum - Parte II


Dando continuidade a nossa matéria, listamos aqui mais um grupo de designers brasileiros. Alguns deles, com uma trajetória de trabalho que norteou o caminho e abriu picadas. Outros, com o desafio de continuar a arte no desenho de cada peça, sem esquecer da responsabilidade enorme de construir uma nova forma de consumo, mais ético e comprometido com a sustentabilidade.
Vamos à eles:
'JEAN GILLON' (1919-2007)
Romeno de nascimento e naturalizado brasileiro, foi um artista múltiplo: caricaturista, cenógrafo, escultor e pintor que se destacou como arquiteto, decorador, designer de móveis modernos e criador de tapeçarias premiadas.
Formou-se em belas artes e arquitetura, em Iasi, pela Universidade Nacional. Em 1956, mudou-se para São Paulo, onde atuou em arquitetura de interiores, artes plásticas e design. Em 1961, fundou a Fábrica de Móveis Cidam, depois denominada WoodArt. Projetou para outras indústrias, até meados dos anos 1990, Italma, Village e a Probel, entre outras. Além de móveis e objetos, produziu também tapeçarias. Participou de 24 exposições internacionais, onde ganhou 10 prêmios, e de 37 no Brasil, entre individuais e coletivas. Suas obras figuram em museus, hotéis, instituições e coleções.
Tapeçaria assinada por Gillon.
Pintura de Jean Gillon.
DESTAQUE PARA: Poltrona Jangada e poltrona Saci (ambas de 1968).
foto: Mariana Chama
'FLÁVIO DE CARVALHO' (1899-1973)
Carioca da gema, arquiteto, engenheiro, designer, cenógrafo, pintor, escritor e teatrólogo, entre outras atividades.
Estudou engenharia na Europa e retornou ao Brasil em 1922. Trabalhou no escritório de arquitetura de Ramos de Azevedo e em 1928, lançou-se como arquiteto. Tornou-se um dos precursores do movimento moderno no Brasil, seus projetos são considerados pioneiros da arquitetura moderna no país. Desenhou móveis questionadores de seu tempo, um reflexo de sua personalidade polêmica.
Le Corbusier o costumava chamar de, “revolucionário romântico”
DESTAQUE PARA: Cadeira FDC1(anos 1950), reeditada pela francesa objekto.
'FÚLVIO NANNI JÚNIOR' (1952-1995)
Paulistano, formado em desenho industrial pela Universidade Presbiteriana Mackenzie em 1973. Realizou cursos de especialização na Scuola Politecnica di Design, em Milão.
Em sua estada na Itália, teve contato com designers como Gianfranco Frattini. Em 1981, inaugurou a Nanni Movelaria, em São Paulo, com produção artesanal e com formas contemporâneas e experimentais. Entre elas, as poltronas, sofás, mesas e aparadores com rodinhas instaladas inusitadamente, como soluções para as peças circularem pelo ambiente. Há reedições de alguns deles no mercado.
DESTAQUE PARA: Poltrona Raio 23 e Sand (ambas dos anos 1980).
'GERALDO DE BARROS' (1923-1998)
O pintor e fotógrafo paulista, dedicou-se também ao design.
Expoente do modernismo e considerado um dos mais importantes artistas do movimento concretista brasileiro. Foi membro e fundador de grandes e importantes movimentos e associações artísticas como o Grupo 15, a Galeria Rex, o Grupo Ruptura, o grupo FormInform e a cooperativa de produção de móveis Unilabor. Com frei João Batista Pereira dos Santos - 1954, frabicavam móveis seriados, desenvolvidos por ele, onde rateavam os lucros entre os empregados, a experiência durou até 1967. E por fim, o profissional ligou-se à empresa Hobjeto., na década de 70. Há reedições de algumas peças no mercado.
DESTAQUE PARA: Poltrona GB01 Palha/Estofada e poltrona GB01 Ripas (ambas de 1954).
'JORGE ZALSZUPIN'
Nasceu em 1922, em Varsóvia, Polônia e formou-se em Arquitetura, em 1945, na Romênia.Veio para o Brasil em 1949 e após uma breve passagem pelo Rio de Janeiro, estabeleceu-se em São Paulo com escritório de Arquiteturaem sociedade com José Gugliota.
Durante a segunda metade do século 20, Zalszupin abriu a L'Atelier, em São Paulo, espaço no qual passou a projetar móveis em pequenas séries. Em pouco tempo, Zalszupin tornou-se referência no design brasileiro, coordenando uma equipe de designers no início dos anos 1970 que trabalhava para quatro distintas fábricas de um mesmo grupo empresarial. Na equipe estavam Oswaldo Mellone, Paulo Jorge Pedreira e Lílian Weimberg, os designers batizaram o grupo empresarial de Forsa e passaram a atuar como laboratório de criação.
A crise dos anos 1980 foi responsável pela dissolução do grupo. A partir de 2005, a empresa Etel Marcenaria passou a produzir vários dos itens projetados por Zalszupin para l’Atelier, entre eles a poltrona "Dinamarquesa" . Em 2012, o MON, Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, montou a mostra “Jorge Zalszupin: Arquitetura, design e reedição”, na qual reuniu 44 peças de tiragem única e 13 unidades de reedição, entre poltronas, escrivaninhas, cadeiras e banquetas.
DESTAQUE PARA: Poltrona Dinamarquesa 1959, a peça mais bonita entre todas de sua autoria, em minha modesta opinião.
Sofá em jacarandá, de Zalszupin.
Mesa Pétalas.
Banco em Jacarandá.
'ILSE LANG'
A arquiteta gaúcha, formou-se pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 1983. É designer de móveis e objetos, com premiações nacionais e internacionais.
Em 1994 fundou a Faro Design, em Porto Alegre. A empresa cuida do design, fabricação e distribuição de móveis e acessórios. Seu desenho tem um traço limpo e simples, mas com uma personalidade marcante e isto a levou a receber o prêmio que é considerado o "OSCAR" do design , o iF product design award. Um dos premios mais importantes do design europeu, recebido na Alemanha , em 2007 , por sua mesa de jantar/reunião, Lotus. As peças desenhadas por Ilse , giram, esticam, empilham e isto lhe garante perenidade. DESTAQUE PARA: a premiadíssima, mesa Lotus, que gira e pode ficar retangular ou redonda.
Banco Tribo
Mesa Tribo
Banco café (todos eles empilháveis).
'HELOISA CROCCO'
A gaúcha se formou em desenho pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 1970, especializou-se em artes plásticas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC–RS) em 1985.
Trabalhou em tapeçaria com Elizabeth Rosenfeld, fez cursos com Tom Hudson, do Cardiff’s College of Art of London, na Inglaterra. Atua desde então como designer em diversos segmentos como couro, cerâmica, cartonagem, têxtil e moda. Cria objetos e complementos para a Tok & Stok. Seus murais estão em alguns hotéis como: Hilton de Dubay nos Emirados Árabes, Hotel Ceaser de Guarulhos, e também em Fortaleza e Recife no Hospital Beneficência Portuguesa.
Uma parceria entre o estúdio Crocco Design e o shaper Henrique “Ogro” Perrone originou 12 pranchas exclusivas com grafias que remetem a traços primitivos tribais.
DESTAQUE PARA: louças da série Topomorfose (2005)
Linha de móveis Crocco.
'HUGO FRANÇA'
Gaúcho, graduou-se em engenharia de produção pela PontifíciaUniversidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) em 1979.
Em 1981 mudou-se para Trancoso , na Bahia e ali descobre resíduos de pequi, espécie milenar, remanescentes de queimadas e canoas indígenas. Interfere o mínimo possível neles para criar um mobiliário escultórico.
Recentemente, dedica-se também a resgatar resíduos de árvores de São Paulo, com os quais cria mobiliário público para a cidade.
DESTAQUE PARA: Chaises da linha Guaraci.
Banco instalado no Museu a céu aberto 'INHOTIM', em Minas Gerais.
DOMINGOS TÓTORA
Mineiro, o artista plástico e designer autodidata, natural de Maria da Fé, mantém seu estúdio em sua terra natal.
Com o conceito de sustentabilidade, adotado por muito brasileiros, cria suas peças a partir de papelão reciclado, processado com água, cola e pigmentos de terra, que se moldam para formar bancos, vasos, mesas, imitando pedras e madeira. Conhecido internacionalmente, Domingos Tótora prova que é possível manter a criação e produção de forma sustentável e ainda assim ser surpreendente. DESTAQUE PARA: Mesa Água (2008) papelão moldado imitando três pedras grandes, que servem de suporte para tampo tampo de vidro. Domingos Tótora recebeu três prêmios importantes de design entre os anos de 2008 e 2010.
Banco Solo (2010): seu assento lembra grande seixos de rio
Banco Terrão (2012).
Banco Vereda (2011).
Coleção Frisos (2011).
'ETEL CARMONA'
Também mineira e autodidata, começou sua trajetória profissional na década de 80, restaurando peças de mobiliário com estilo de época, em seu sítio de Louveira (SP) em 1984.
No ano seguinte, conheceu o mestre marceneiro Moacir Tozzo, com quem trabalha até hoje, juntos Resgataram as técnicas clássicas da marcenaria tradicional para assim deixar à vista a beleza dos encaixes, dos malhetes, como no processo de desenho de joias, com acabamentos primorosos. Desenha móveis simples e funcionais, que resgatam antigas técnicas de marcenaria com madeiras sustentáveis. Em 1993, fundou a loja Etel Interiores, em São Paulo. No ano 2000, sua movelaria foi certificada pelo Forest Stewardship Council (FSC). Considerada hoje a marca de maior expressão em móveis de luxo do Brasil com presença nos principais mercados, como Nova York, Los Angeles, Londres, Lisboa, Zurique, Toronto, entre outros.
DESTAQUE PARA: Aparador Vila Rica (2006)
Fechado
Aberto
Aparador Cacos (2008).
Mesas Três Marias (2008).
E minha preferida, a Mesa Forquilha.
Esta matéria tem ainda uma última parte, até lá!

2 comentários:

  1. Excelente matéria.A arte desses móveis eterniza a memória de seus criadores e é motivo de orgulho para quem tem o privilégio de possuir alguns deles.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Agradeço sua presença e fico feliz que tenha gostado. Sorte de quem tem uma peça bem desenhada, além de conforto e ergonomia perfeita, é um charme ter algo atemporal, que atravessa o tempo com elegância.

      Excluir