Nosso impulso ancestral de nos diferenciar dos demais, personificando ambientes e comunicando algo ao grupo social, vem da época das cavernas. As pinturas policromáticas encontrada na pré-história, dizem desta pratica e desde então, decoramos o lugar onde vivemos.
Até o fim do séc. XIX, a tonalidade do material de acabamento usado definia o tom nas fachadas, hoje a tecnologia nos permite colorir quase todo tipo de matéria prima e assim, são inúmeras as maneiras de abordar o uso das cores.
Ao tratar da aplicação da cor em arquitetura e decoração, é necessário contextualizá-la no espaço, levando em consideração as dimensões, luminosidade, temperatura do ambiente e função a que se destina. Mas seria muito chato obedecer a regras pré-estabelecidas para decorar e imprimir nossa personalidade a um espaço, afinal de contas se desde os primórdios já desenhávamos nas pedras, era porque de alguma forma havia uma necessidade de comunicar nossa singularidade.
Uma casa, por si só, não é um lar. Trata-se de um volume arquitetônico inanimado, destinado ao abrigo do ser humano. Este espaço se transforma em lar, quando o sujeito se apropria dele e imprime ali o seu estilo de vida com sua história carregada de afetos e lembranças impressas em objetos pessoais. A decoração faz parte dessa apropriação espacial. A mediação de detalhes confere sentido a um lugar, tornando-o significativo de tal forma que reflita tal como um espelho, a alma de quem vive ali. Por isso, é importante que o profissional leve em conta todas estas particularidades e procure adequar às regras do uso da calorimetria ao gosto mesmo que inusitado de seu cliente.
Seria impossível falar destas subjetividades, então vamos nos ater às regras gerais, lembrando sempre que, quando desafiado nosso trabalho ganha um traço mais sublime, apesar de todas as dificuldades. Se o cliente pedir um ambiente em vermelho e rosa, seja corajoso e mostre todo seu talento. Quando quebramos regras, não nos tornamos só ousados, nós desafiamos o óbvio e saímos do comum.
Podemos adotar a técnica modernista de evidenciar a cor natural de materiais usados na construção, como os tons de cinza do concreto, as nuances de vidros e a força da madeira natural em seus vários tons do amarelo até o castanho avermelhado.
E isto tudo mesclado com muito branco, que costuma predominar. Neste caso, o uso das cores quando acontece, segue a cartela primária, em tons de amarelo, azul e vermelho.
O uso de preto é pontual.
Outro estilo de colorir muito adotado no momento é o movimento que tenta integrar a natureza ao interior dos ambientes, trazendo os tons da madeira, da palha, das plantas e da terra para dentro de casa.
Bem parecido com o estilho modernista, a não ser pelo uso de tom sobre tom e das várias nuances de marrons e verdes. Aqui a cartela das análogas fala mais alto.
O efeito cenográfico é outra vertente marcante, as cores surgem fortes em materiais inusitados e também na luz.
Não existem regras e pode-se combinar vermelho e amarelo, roxo e verde-limão.
A coragem para adotar uma linguagem quase dramática, depende da ousadia de cada profissional e da intenção e do resultado que ele espera alcançar. Neste caso, quando usamos duas cores complementares temos um efeito mais marcante, mais forte.
Os ambientes com efeito lúdico, projetados para as crianças podem seguir esta linha, os pequenos não tem ainda um senso estético padronizado como o dos adultos e por isso são mais abertos ao jogo de cores que surpreende.
Neste caso a cartela não tem regras, podem-se misturar primárias e análogas em triângulo ou em quadrado, ou completamente sem nenhum critério.
Podemos ver este tipo de escolha também em bares, restaurantes, hotéis e casas noturnas, evidenciados pelas cores escuras e materiais reflexivos.
Não há um perigo de cansaço, pois se trata de algo onde nossa presença é esporádica e por um período curto de tempo, mas se este efeito for adotado em locais de moradia e presença permanente, há que se ter um bom senso de não cometer excessos.
Na livre associação, (isto me lembra a psicanálise), o uso de cores intensas em novos materiais com formas desiguais dão o tom de inovação e vanguarda.
Ruy Ohtake é o maior exemplo desta forma de linguagem na arquitetura.
O Hotel ‘Unique’ em SP tem a fachada coberta por placas de cobre pré-oxidadas e ele adota o uso das cores sem nenhum preconceito ou regra muito rígida.
Seguem outras obras do arquiteto:
Estes são alguns exemplos, mas é claro que você pode e deve imprimir sua marca, sendo profissional ou simplesmente um admirador da arte de decorar. Neste caso siga a dica que não tem erro: se mantenha nos tons neutros, elegendo uma única cor para alegrar o ambiente.
No próximo encontro daremos algumas dicas de como colorir usando papéis de paredes; almofadas e cortinas; vidros coloridos, arranjos de flores e adornos ; e ainda uma cartela de tintas com mais de duas mil cores, que podem ser usadas em paredes ou nos móveis. Até a próxima!
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