sábado, 7 de novembro de 2015

Quadros - vamos vestir as paredes com imagens?


Quando nasci, de certo já haviam quadros em minha casa e cresci sem prestar atenção à eles...será?
Errado!
As imagens que nos cercam e todos os dias fazem parte do cenário a nossa volta tem influência direta no que internalizamos, é só ler algo sobre visão periférica.
Deve ser por isso que um quadro de coelhinho devorando uma cenoura está vivo em minha memória, infelizmente inventaram de limpá-lo num dia de faxina pesada com algum produto químico que foi apagando a imagem como se fosse apenas um desenho à lápis e meu coelhinho se foi para todo sempre...
Como cresci em uma família de pessoas que adoram desenhar, tenho quadros que pra mim valem mais que as cifras pagas pelas artes no mercado financeiro. Valem lembranças, as melhores e mais doces!
Quadro com desenho e aquarela feito pelo meu tio, o arquiteto, Aristides Salgado dos Santos.
Esta aquarela está na casa de minha mãe desde quando nasci, nos acompanhou em todas as casas onde vivemos, inclusive quando moramos em Belo Horizonte.
Fecho os olhos e me lembro dele em todas as paredes em que ele foi colocado, nos mínimos detalhes.
A imagem mais bonita de Jesus Cristo que eu já vi até hoje é de um desenho feito por ele. Em minhas orações, quando mentalizo a figura de Cristo é aquela imagem que vem à minha memória, o quadro ficava na sala da casa de meu avós maternos, onde fui criada.
Desenho de 'Jesus entre os doutores', em lápis crayon feito pelo meu avô, Edmundo de Oliveira Santos.
Também ocupa parede da casa de minha mãe e tenho sua lembrança em todos os lugares onde ele foi colocado, é um pouco da memória do meu avô querido e amado, sempre junto de nós.
Mas porque estou dizendo disto?
Porque é necessário respeitar o gosto do morador e seu apreço por peças ou quadros que fazem parte da história e vida dele.
Como repetiu pra mim outro dia, o arquiteto, Alisson Dias, lembrando a fala de outro arquiteto e artista plástico, Saul Vilela: " A casa é de quem habita."
Os arquitetos e designers precisam estar atentos a este importantíssimo detalhe.
E a partir dele, instruir onde e como e de que melhor maneira, pode ser usada a imagem escolhida.
Exitem algumas regras básicas para nos guiar, vamos à elas:
Fotos e posteres são muito pessoais e devem ficar na área íntima da casa, a não ser pela exceção de porta-retratos, que podem ocupar mesas laterais, estantes e aparadores no living ou estar.
Da mesma forma, as imagens religiosas pedem um lugar mais reservado.
Fotos de família é uma boa opção para decorar com arte e prestar homenagem, demonstrando admiração a quem se ama e construindo a árvore genealógica, mas a biblioteca ou a circulação íntima são ambientes mais apropriados do que aqueles que recebem à todos, como as áreas sociais da casa.
Fotografias ou imagens ligadas à carreira ou à empresa da família também é algo pessoal e ficam melhor nas paredes de escritórios particulares, home office ou bibliotecas.
Como nestes exemplos de ambientes projetados pelo arquiteto, Pedro Lázaro.
As imagens dos nossos lindos pimpolhos ou de nossa fase gestante são ainda mais íntimas e devem ficar reservadas aos dormitórios, assim como àquelas em que aparecemos em trajes mais despojados, ou em um momento em que nos sentimos mais sexy.
A melhor maneira para organizar os quadros em paredes é conforme o grau de importância ou valor de cada um. As obras de maior valor (financeiro ou sentimental) ganham destaque quando ocupam sozinhas, uma parede. Neste caso, seu tamanho deve ser proporcional a parede que ela ocupará.
Como escolheu, Roberto Migotto para este living.
Para posicionar quadros acima de sofás, consoles e aparadores, a composição de vários quadros ou uma peça única, se for o caso, devem estar centralizada em relação ao móvel e com altura de pelo menos 20cm acima do mesmo.
A altura dos quadros é algo muito importante, nada fica mais feio do que aquela imagem lá em cima, quase encostando no teto e um espaço grande de parede vazio até o piso ou até alguma peça de mobiliário.
A regra básica é manter a linha imaginária, que é um eixo que divide o quadro ao meio, a uma altura aproximada entre 1,40 cm e 1,60 cm, levando em conta o pé direito (altura) da parede, de forma a possibilitar a observação confortável para uma pessoa de altura média.
A arquiteta, Débora Aguiar usou um único quadro para compor esta parede em destaque, reparem na proporção do tamanho do quadro em relação à altura.
Vejam como Ana Maria Vieira Santos posicionou os quadros com tamanhos diferentes, em relação à altura deles na parede.
Aqui também a altura do quadro determinou seu posicionamento em relação a sua altura, mais um ambiente projetado por Ana Maria Vieira Santos.
Quando o quadro é pequeno, pode ser apoiado sobre o aparador, ou colocado sob uma prateleira da estante, ou ainda agrupado com vários outros quadros de diferentes estilos e com molduras diversas, fazendo uma composição única, mas então é preciso seguir outras regras, vamos lá:
Na imagem, a arquiteta Fernanda Marques coloca no centro da estante dois quadros apoiados um à frente do outro, usando de uma forma menos formal as gravuras.
Esta informalidade para usar quadros apoiados tem agradado não só aos profissionais,mas a todos de uma maneira geral, porque democratiza o uso de molduras, de tamanhos e de temas variados. Pode-se inclusive usar outras peças e objetos de arte juntos.
O uso de quadros fazendo a cabeceira da cama apoiados em um nicho recuado, faz composições variadas em pontos diferentes, recurso usado por Débora Aguiar.
Ainda, Débora Aguiar, agora no living, apoiando os quadros sobre uma prateleira de dormentes rústicos, ladeando a lareira.
Francisca Reis apoiou quadros em uma prateleira de menor altura, lembrando que apoiados, as alturas ficam menos relevantes e a diferença entre as peças podem até tornar mais interessante um conjunto de imagens.
Vejam que aqui, Hugo di Pace apoiou os quadros em uma prateleira por sob a porta, bem mais alta e ainda assim, ficou lindo. Se fosse uma composição em parede, certamente não ficaria agradável e muito provavelmente nos sentiríamos incomodados com a altura.
Uma fórmula mais comum, porém sem erros, é a de um quadro maior central e outros dispostos simetricamente ao redor, formando um grande retângulo.
Como é difícil obras de tamanhos iguais, podemos equiparar estas dimensões com uso de (passe-partout) paspatur e molduras.
Nas duas imagens, a arquiteta Brunete Fraccaroli faz uma grande composição em forma retangular com vários quadros de um mesmo tema.
Na sala de jantar projetada por Luís Fábio Rezende de Araújo, o conjunto de quadros forma um retângulo de perfeita harmonia.
Outra forma interessante é a de definir dois eixos, um horizontal e outro, vertical e, com base neles, os quadros se alinharam. Isto permite uma composição harmônica e assimétrica, com obras de tamanhos e formatos diferentes.
Ana Maria Vieira Santos usou esta técnica para dispor os quadros com tamanhos diferentes.
Brunete Fraccaroli usou quadros apoiados em uma das paredes e usou eixos diferentes na outra para dispor o conjunto de quadros com dois tamanhos distintos. Elas fizeram uso da mesma técnica, mas de formas diferentes.
E se por acaso você se sentir encorajado a ousar, seja atrevido e faça composições mais livres, formando grandes painéis de imagens com peças bem diferentes em todos os sentidos.
Só não perca o bom senso e para facilitar faça um desenho da parede com os quadros e só bata o prego quando estiver certo de que o lugar é exatamente aquele.
Agora que você sabe todos os truques, faça uma revisão nos quadros de sua casa e se não estiverem agradando aos seus olhos, mãos à obra e vamos encarar uma mudança pra deixar tudo mais charmoso e harmônico.
Coragem, você consegue!

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