domingo, 25 de outubro de 2015

Quadros & Arranjos


Todos nós gostamos de um toque pessoal em nosso espaço, tanto em casa, como no trabalho, é uma forma de nos sentirmos confortáveis.
Algumas pessoas tem uma facilidade maior para dispor peças e objetos, outros se sentem inseguros e pouco aptos para esta prática e assim acabam delegando esta função ao arquiteto, um designer ou mesmo uma amiga mais antenada.
Vamos mostrar como montar um cantinho charmoso ou dispor os quadros em uma parede, com algumas regras básicas e dicas infalíveis pra não errar.
Para isso vamos entender alguns conceitos:
Segundo kandinsky (1866-1944), “O ponto de partida para a teoria das formas é o ponto”, como afirma em seu livro: Ponto e Linha sobre Plano.
Le Corbusier, em suas Obras Completas, nos afirma que: “Os nossos olhos são feitos para ver as formas sob a luz”.
As formas são vistas e apreendidas através de um processo de leitura e compreensão, de visão e cognição, que passa pelos olhos e atinge o cérebro.
Essas formas só podem ser vistas sob a influência da luz, com a contribuição da cor.
A proporção é uma conceituação matemática, inicialmente atribuída a Pitágoras (585-500 a.C.), que pode ser definida como “relação das partes de um todo entre si, ou entre cada uma delas e o todo, quanto a tamanho, quantidade ou grau”. Ou ainda: “relação entre as partes de um todo que provoca um sentimento estético de equilíbrio, de harmonia.”
Todos esses conceitos se traduzem e se rebatem na concepção das formas arquitetônicas, construídas através das figuras e das formas geométricas, criando espaços e volumes com caráter estético.
O Número de Ouro e a Proporção Áurea fazem parte de um conhecimento geométrico fundamental para o designer.
A medida que os elementos naturais tendem a seguir a geometria fractal, simular esse efeito em nossos projetos nos conduz a um acabamento mais agradável, aos olhos do observador.
Vale lembrar que nem sempre estamos fazendo algo com cálculos de proporção áurea ou definindo uma grade matemática em todos nossos projetos. Com o tempo, essas definições acabam se tornando intuitivas e acabamos por adicionar essas formas mentalmente, sem nem mesmo percebermos.
Seria complexo tratar de todos estes conceitos em seus detalhes, então vamos partir de regras mais simples e menos acadêmicas, para que vocês comecem a colocar em prática, tornando seus cantinhos mais harmoniosos, com charme e elegância.
Partindo do que aprendemos com kandinsky, o ponto é de onde vamos partir.
Vamos encontrar o ponto central da parede, do ambiente ou da superfície onde iremos dispor as peças.
A partir deste pondo central, teremos uma disposição em simetria, quando um lado é idêntico ao outro.
Esta composição facilita um resultado harmonioso, já que as duas partes são como um espelho, que refletem exatamente a mesma imagem.
Assim o peso das peças, das cores e volumes e a incidência da luz são distribuídas igualmente.
Nas imagens acima, o arquiteto Roberto Migotto, usa com maestria a simetria em suas composições de interiores.
Mas mesmo para um 'expert' como ele, é necessário estar atento às proporções entre um objeto e outro.
Vocês podem notar nas imagens, que quadros e peças de adornos ou objetos menores não são duplicados de forma idêntica, como peças de iluminação e mobiliário. Por isso é bom prestar atenção para que um lado do ambiente não fique mais pesado e carregado que o outro.
Quando aproximamos esta imagem podemos notar a distribuição das peças na mesa de centro.
Na mesa mais ao fundo, temos um vaso com folhagem do lado esquerdo e do lado direito alguns livros de arte.
Na mesa mais à frente ,os objetos se alteram para equilibrar o peso na imagem e os jarros com flores em tamanho iguais e cores opostas, ficam á direita da mesa, enquanto livros e objetos mais baixos ficam à esquerda.
Neste outro ambiente ele usa a mesma composição na mesa de centro, vejam que temos vasos em formas, materiais e tamanhos semelhantes, mas em cores diferentes. Já as flores usadas no arranjo, seguem o mesmo padrão de cor, inclusive para o conjunto de jarros mais ao fundo, na mesa mais alta.
Percebam como objetos maiores e mais pesados sempre estão à esquerda nas imagens. A menos que já exista um elemento arquitetônico, ou um quadro na parede que projete mais peso visualmente à esquerda e assim, precisaríamos de um contraponto à direita. Neste caso, objetos de adornos mais volumosos e mais altos, poderiam ocupar esta posição.
Um outro detalhe que é bom ressaltar, os objetos formam conjuntos quando estão em maior número e é preciso bom senso e sensibilidade para dispor de maneira agradável aos olhos.
Os livros podem ficar uns sobre os outros, com os maiores sempre por baixo.
Os cristais podem ser agrupados em bandejas.
As caixinhas podem formar conjuntos e serem dispostas lado a lado.
Castiçais podem vir em pares ou conjuntos com mais peças de tamanhos variados, desde que haja uma harmonia entre materiais e cores ou até estilos de época.
Podemos usar vários arranjos de flores, desde que tenham os mesmos tons e que eles estejam em harmonia com as cores usadas no ambiente.
Atenção para a colocação de objetos em frente aos espelhos, eles irão duplicar os elementos e mostrar as costas do objeto.
É preciso haver critério para não causar um excesso de informação e confundir os olhos do observador, causando desconforto e uma fadiga com sensação desagradável.
Arranjos florais são sempre uma boa opção.
Voltando ao ponto de Kandinsky, teremos uma disposição assimétrica, quando uma metade é diferente da outra.
Do lado esquerdo temos uma composição de fotos e do lado direito a mesa de apoio com arranjo de folhagens.
Neste ambiente o quadro está à esquerda e o contraponto é a luminária e o arranjo de flores sob a mesa à direita.
Outro detalhe que vale ressaltar é a colocação de objetos em estantes, que tem como elemento central, o livro.
Como os tamanhos e cores das capas variam muito, se não houver uma disposição em encapar todos de uma mesma cor, o melhor é uniformizar a cor dos objetos que farão a composição nos adornos, como nos exemplos abaixo.
Espero que tenham gostado até aqui, nosso próximo post será específico para a montagem de arranjos de flores e folhagens, e logo depois faremos uma matéria sobre a disposição dos quadros em paredes ou simplesmente apoiados, como temos visto atualmente.
Todos os ambientes mostrados nesta matéria são de autoria do arquiteto, Roberto Migotto.
Abraços e até!

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